segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Entre o olhar e o sorriso



Um olhar que observa o vento e o repouso dos muitos “ais” passados. Um coração imaginado costurado, remendado e reconstruído sente no vento um cheiro de sorriso novo.
O olhar de longe percebe no alvo claro a indizível ternura a matéria nobre do querer.
Então o coração dito cheio parece copo vazio à procura de água, água proibida, água que vem da boca de mel, inebriante, sagrada, partilhável.
Por sobreviver aos invernos de tantos danos, tantas dúvidas, denúncias e medos, a claridade honrada do sorriso fez o olhar palpitar em graça e força. E toda oferta duplicada e vulcânica do coração veio à tona querendo corpo livre, pois a alma já é toda contradição.
O olhar desprende. O sorriso flui. A paixão acontece, assim, sem hora marcada, sem previsão, num banho gradual, dual, e abundante dos sentidos postos à prova.
A surpresa do olhar é perceber que pode sim... aprender com o sorriso, ensinar com o olhar... desvendar as partes mais antigas da alegria dupla e densa mais uma vez sentindo-se “menino”.
Juscélia Sousa